Histórico da febre amarela no Brasil e a importância da vacinação antiamarílica

Conteúdo do artigo principal

Karla Vanessa Ferreira
Katya Cristina Rocha
Luciana Zambeli Caputto
Alexandre Luiz Affonso Fonseca
Fernando Luiz Affonso Fonseca

Resumo

A febre amarela (FA) é um dos maiores desafios para as autoridades de saúde pública por se tratar de uma zoonose e, portanto, de difícil erradicação. Trata-se de uma doença infecciosa não contagiosa de curta duração causada por um vírus. Existem duas formas da doença: a febre amarela urbana (FAU) e a febre amarela silvestre (FAS), tendo como vetores os gêneros Aedes e Haemagogus, respectivamente. Tanto a FAU como a FAS podem variar de assintomática a grave. A principal medida de controle da infecção, após o controle dos vetores, foi realizada através da vacinação com a cepa 17D. A vacina é constituída por vírus atenuado e é efetiva contra a reinfecção pelos vírus selvagens, confere imunidade por, pelo menos, dez anos, e não é recomendada a imunossuprimidos. O mecanismo protetor desencadeado pela vacina está associado à produção de anticorpos neutralizantes, ativação de TCD4+ e adequada integração entre as imunidades inata e adaptativa. A vacinação tem importância na prevenção e controle da doença, já que interrompe o ciclo de transmissão da forma silvestre para a forma urbana através da geração de uma barreira de imunidade coletiva. Tendo em vista que a vacina da FA, apesar de ser altamente segura, vem apresentando um crescente número de relatos de reações adversas graves pós-vacinais, faz-se necessário o aumento das investigações acerca da segurança do vírus vacinal 17D, particularmente quando se identifica que diferentes mecanismos podem influenciar o potencial protetor da vacina em hospedeiros considerados imunocompetentes e determinar maior ou menor potencial reatogênico.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos de Revisão

Referências

Vigilância Epidemiológica. Manual de Vigilância Epidemiológica da Febre Amarela. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, 1999.

Ministério da Saúde. Febre Amarela. Disponível em: www.saude.gov.br. Acesso em 30 out. 2008.

Vasconcelos PFC. Febre amarela: reflexões sobre a doença, as perspectivas para o século XXI e o risco da reurbanização. Rev Bras Epidemiol. 2002;5(3):244-58.

Albuquerque BC. Febre Amarela. In: Tavares W, Marinho LAC. Rotinas de Diagnóstico e Tratamento das Doenças Infecciosas e Parasitárias. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2007. p. 403-8.

Guia de Vigilância Epidemiológica. Manual de Vigilância Epidemiológica Normas e Manuais Técnicos, 6ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; Fundação Nacional de Saúde; 2005.

Romanos MTV. Febre Amarela e Dengue. In: Santos NOS, Romanos MTV, Wigg MD. Introdução à Virologia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. p. 177-82.

Pinheiro FP, Moraes MAP. Febre amarela. In: Neves J. Diagnóstico e Tratamento das Doenças Infecciosas e Parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1984.

Vasconcelos PFC. Febre Amarela. Rev Soc Bras Med Trop. 2003;36(2): 275-93. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822003000200012

Monath TP. Yellow fever: An update. Lancet Infectious Diseases. 2001;1: 11-20. http://dx.doi.org/10.1016/S1473-3099(01)00016-0

Santos F. Dosagem dos fatores da coagulação na febre amarela. Tese (Doutorado), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1973.

Vasconcelos PFC. Febre amarela. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2000.

Quaresma JAS, Duarte MIS, Vasconcelos PFC. Midzonal lesions in yellow fever: a specific pattern of liver injury caused by direct virus action and in situ inflammatory response. Med Hypotheses. 2006;67(3):618-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.mehy.2006.01.060

Quaresma JAS, Barros VLRS, Pagliari C, Fernandes ER, Guedes F, Takakura CFH, et al. Revisiting the liver in human yellow fever: Virus-induced apoptosis in hepatocytes associated with TGF-β, TNF-α and NK cells activity. Virology. 2006;345:22-30. http://dx.doi.org/10.1016/j.virol.2005.09.058

Quaresma JAS, Barros VLRS, Pagliari C, Fernandes ER, Andrade Jr HF, Vasconcelos PFC, et al. Hepatocyte lesions and cellular immune response in yellow fever infection. Trans Royal S Trop Med Hyg. 2007;101:161-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.trstmh.2006.02.019

Teixeira LA. Da transmissão hídrica a culicidiana: a febre amarela na sociedade de medicina e cirurgia de São Paulo. Rev Bras Hist. 2001;21(41):217-42. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01882001000200012

Fiocruz. Uma breve história de Febre Amarela. Disponível em: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1490&sid=9&tpl=print ervie. Acesso em 25 mar. 2010.

Benchimol JL. História da Febre Amarela no Brasil. Hist cienc saude-Manguinhos. 1994;1(1):121-4. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59701994000100010

Monath TP. O desafio da Febre Amarela. In: Quadros CA. Vacinas. São Paulo: Roca; 2008. p. 67-76.

Minas faz ciência. Dengue. Disponível em: http://revista.fapemig.br/materia.php?id=212. Acesso em 4 ago. 2009.

World Health Organization. Yellow fever vaccine. 200340:349-60. Disponível em: www.who.int/wer.

Santos-Torres S, Straatmann A, Mota K, Vaconcelos PFC, Rosa APAT, Tavares-Neto J. Estado imune contra o vírus vacinal (17D) da febre amarela em duas populações do Estado da Bahia. Rev Soc Bras Med Trop. 2000;33(1):39-46. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822000000100006

Superintendência de Campanhas de Saúde Pública. Manual de vacinação antiamarílica: instruções para vacinadores. Brasília: Ministério da Saúde; 1987.

Guerra HL, Sardinha TM, Rosa APAT, Lima e Costa MF. Efetividade da vacina antiamarílica 17D: uma avaliação epidemiológica em serviços de saúde. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health. 1997;2(2): 115-20.

Pinheiro FP, Gomes ML, Oliva OP. Immune response to yellow fever vaccine. In: Organização Pan-Americana da Saúde. Symposium on yellow fever. Belém: OPAS; 1980.

Barrett AD, Teuwen DE. Yellow fever vaccine – how does it work and why do rare cases of serious adverse events take place? Curr Opin Immunol. 2009;21(3):308-13. http://dx.doi.org/10.1016/j.coi.2009.05.018

Martins MA, Silva ML, Marciano APV, Elói-Santos SM, Magalhães VP, Ribeiro, JGL, et al. Activation/modulation adaptative immunity emerges simultaneously after 17DD yellow fever first-time vaccination: is this the key to prevent severe adverse reactions following immunization? Clin Exp Immunol. 2007;148(1):90-100. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2249.2006.03317.x

Miller JD, van der Most RG, Glidewell JT, Albott S, Masopust D, Murali-Krishna K, et al. Human effector and memory CD8+ T cell responses to smallpox and yellow fever vaccines. Immunity. 2008;28(5):710-22. http://dx.doi.org/10.1016/j.immuni.2008.02.020

Querec T, Bennnouna S, Alkan S, Laouar Y, Gorden K, Flavell R, et al. Yellow fever vaccine YF-17D actives multiple dendritic cell subsets via TLR2, 7, 8, and 9 to stimulate polyvalent immunity. J Exp Med. 2006;203(2): 413-24. http://dx.doi.org/10.1084/jem.20051720

Santos AP, Matos DC, Bertho AL, Mendonça SC, Marcovistz R. Detection of Th1/Th2 cytokine signature in yellow fever 17DD first-time vaccinees through ELISpot assay. Cytokine. 2008;42(2):152-5. http://dx.doi.org/10.1016/j.cyto.2008.02.007

Martins MA, Silva ML, Elói-Santos SM, Ribeiro JGL, Magalhães VP, Marciano APV, et al. Innate immunity phenotypic features point toward simultaneous raise of activation and modulation events following 17DD live attenuated yellow fever first-time vaccination. Vaccine. 2008;26(9): 1173-84. http://dx.doi.org/10.1016/j.vaccine.2007.12.035

Nishioka Sde A, Nunes-Araújo FR, Pires WP, Silva FA, Costa HL. Yellow fever vaccination during pregnancy and spontaneous abortion: a casecontrol study. Trop Med Int Health. 1998;3(1):29-33. http://dx.doi.org/10.1046/j.1365-3156.1998.00164.x

Hayes EB. Acute viscerotropic disease following vaccination against yellow fever. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2007;101(10):967-71. http://dx.doi.org/10.1016/j.trstmh.2007.06.013

Vasconcelos PFC, Bryant JE, Travassos da Rosa APA, Tesh RB, Rodrigues SG, Barrett ADT. Genetic Divergence and Dispersal of Yellow Fever Virus, Brazil. Emerging Infectious Diseases. 2004;10(9):1578-84. http://dx.doi.org/10.3201/eid1009.040197

Engel AR, Vasconcelos PFC, McArthur MA, Barrett ADT. Characterization of a viscerotropic yellow fever vaccine variant from a patient in Brazil. Vaccine. 2006;24(15):2803-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.vaccine.2006.01.009

Galler R, Pugachev KV, Santos CLS, Ocran SW, Jabor AV, Rodrigues SG, et al. Phenotypic and molecular analyses of yellow fever 17DD vaccine viruses associated with serious adverse events in Brazil. Virology. 2001; 290(2):309-19. http://dx.doi.org/10.1006/viro.2001.1168

Mota LMH, Oliveira ACV, Lima RAC, Santos-Neto, LL, Tauil PL. Vacinação contra febre amarela em pacientes com diagnósticos de doenças reumáticas, em uso de imunossupressores. Rev Soc Br Med Trop. 2009;42(1):23-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822009000100006