Caracterização de homicídios e aspectos associados ao uso de drogas ilícitas em uma Capital no Nordeste Brasileiro

Conteúdo do artigo principal

Alline Oliveira do Nascimento Veloso
Kaio Keomma
Mayrla Sousa Coutinho
Alessandro Leite Cavalcanti

Resumo

Introdução: O homicídio é um problema de Saúde Pública no Brasil não raro relacionado com drogas ilícitas. Objetivo: Caracterizar os homicídios e os aspectos associados ao uso de drogas ilícitas. Métodos: Estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizado em João Pessoa, no estado da Paraíba, no Brasil, em 2014. Consideraram-se 424 vítimas de homicídios cujos dados foram coletados através de um instrumento próprio, analisados com auxílio de software estatístico, com Teste de Qui-Quadrado e Regressão Robusta de Poisson, considerando um nível confiança de 95% e significância estatística quando p<0,05. Resultados: Predominância de vítimas de homicídios homens (93,2%),  ão brancos (97,2%), com até 30 anos, considerando as faixas etárias de menor de 20 anos (22,6%), de 20 a 24 (26,7%) e 25 a 29 (18,8%), com menos de sete anos de estudo (67,5%), com histórico de envolvimento com drogas ilícitas (72,5%) e de encarceramento (59,7%). Observaram-se associações entre envolvimento com drogas ilícitas e as variáveis: sexo (p=0,037), idade (p=0,002) e histórico de encarceramento (p<0,001). A prevalência ajustada de envolvimento com drogas ilícitas foi 67% maior entre aqueles com histórico de encarceramento (RP: 1,67; IC95%: 1,44-1,94) e 28% menor entre indivíduos com 30 anos ou mais (RP: 0,72; IC: 0,58-0,88). Conclusão: O homicídio está inserido em um quadro de complexas questões sociais, dentre as quais se insere o envolvimento com drogas ilícitas, e é mais prevalente entre indivíduos com histórico de encarceramento e menos prevalente entre os de mais de 30 anos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Veloso, A. O. do N., Keomma, K., Coutinho, M. S., & Cavalcanti, A. L. (2019). Caracterização de homicídios e aspectos associados ao uso de drogas ilícitas em uma Capital no Nordeste Brasileiro. ABCS Health Sciences, 44(3). https://doi.org/10.7322/abcshs.v44i3.1203
Seção
Artigos Originais

Referências

Costa FAMM, Trindade RFC, Santos CB. Mortes por homicídios: série histórica. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(6):1017-25. http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.3603.2511

United Nations Office on Drugsand Crime (UNODC). 2011 Global study on homicide. trends, contexts, data. Viena: UNODC, 2014.

Gawryszewski VP, Sanhueza A, Martinez-Piedra R, Escamilla JA, Souza MFM. Homicídios na região da Américas: magnitude, distribuição e tendências, 1999-2009. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(12):3171-82. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012001200003

Cerqueira D, Lima RS, Bueno S, Valencia LV, Hanashiro O, Machado PHG, et al. Atlas da violência 2017. Rio de Janeiro: IPEA, 2017.

Brasil. Ministério da Saúde. Data SUS. Sistema de mortalidade (SIM). Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/ext10pb.def. Acesso em: 8 out. 2013.

United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC). Global Study on Homicide. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/data-and-analysis/GSH2018/GSH18_Gender-related_killing_of_women_and_girls.pdf Acesso em: 18 jan. 2018.

Minayo MCS, Constantino P. An ecosysthemic view of homicide. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(12):3269-78. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012001200012

Drumond EF, Hang-Costa TA, Souza HNF. Presença de álcool em adolescentes vítimas de homicídios em Belo Horizonte 2005-2009. Rev Min Enferm. 2014;18(2):272-7. http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20140021

Jimenez L, Frasseto FA. Face da morte: a lei em conflito com o adolescente. Psicol Soc. 2015;27(2):404-14. http://dx.doi.org/10.1590/1807-03102015v27n2p404

Swedler DI, Simmons MM, Dominici F, Hemenway D. Firearm Prevalence and Homicides of Law Enforcement Officers in the United States. Am J Public Health. 2015;105(10):2042-8. http://dx.doi.org/10.2105/AJPH.2015.302749

Rubanzana W, Ntaganira J, Freeman MD, Gauthier BLH. Risk factors for homicide victimization in post-genocide Rwanda: a population based case- control study. BMC Public Health. 2015;15:809. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-015-2145-z

Poveda AC. Violence and economic development in Colombian cities: a dynamic panel data analysis. J Int Dev. 2012;24(7):809-27. https://dx.doi.org/10.1002/jid.2819

Tourinho Filho, Costa F. Manual de processo penal. 16ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Ciênc Saude Coletiva. 2010;15(5):2297-305. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000500005

Kleinschmitt SC, Wadi YM, Staduto JA. Analise espacial dos homicídios no estado do Paraná. Rev Desenvolv Reg. 2012;17(3):257-90. http://dx.doi.org/10.17058/redes.v17i3.1203

Zilli LF. O “mundo do crime” e a “lei da favela”: aspectos simbólicos da violência de gangues na região metropolitana de Belo Horizonte. Etnográfica. 2015;19(3):463-87.

Souza TO, Souza ER, Pinto LW. Evolução da mortalidade por homicídios no Estado da Bahia, Brasil, no período de 1996 a 2010. Ciênc Saúde Coletiva. 2014;19(4):1889-1900. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014196.04772013

Soares Filho AM. Homicide victimization according to racial characteristics in Brazil. Rev Saúde Pública. 2011;45(4):745-455. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-89102011005000045

Acevedo CYR, Dueñas LPZ, Castañeda-Porras O. Lesiones fatales en adolescentes, Casanare-Colombia 2011-2013. Rev Med Risaralda. 2016;22(1):18-29.

Minayo MCS. Seis características das mortes violentas no Brasil. Rev Bras Est Pop. 2009;26(1):135-40. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-30982009000100010

Alves WA, Correia DS, Barbosa LLB, Lopes LM, Melânia MIASM. Violência letal em Maceió-AL: estudo descritivo sobre homicídios, 2007-2012. Epidemiol Serv Saúde. 2014;23(4):731-40. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742014000400015

Bastos MJRP, Pereira JA, Smarzarro DC, Costa EF, Bossanel RCL, Oliosa DMS, et al. Ecological analysis of acidentes and lethal violence in Vitória, Southeastern Brazil. Rev Saúde Pública. 2009;43(1):123-32. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009000100016

Lima ALB, Lima KC, Maia LTS, Oliveira TC. Tendência crescente de violência homicida na região metropolitana de Natal-RN, Brasil. Rev Ciênc Plural. 2015;1(2):19-28.

Costa AC, Marguti BO. Atlas de Vulnerabilidade Social nos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA, 2015.

Soares Filho AM, Souza MFM, Gazal-Carvalho C, Malta DC, Alencar AP, Silva MMA, et al. Análise da mortalidade por homicídios no Brasil. Epidemiol Serv Saude. 2007;16(1):7-18. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742007000100002

Campos MEAL, Ferreira LOC, Barros MDA, Silva HL. Mortes por homicídio em município da Região Nordeste do Brasil, 2004-2006 a partir de dados policiais. Epidemiol Serv Saúde. 2011;20(2):151-9. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742011000200004

Trindade RFC, Costa FAMM, Silvia PPAC, Caminiti GB, Santos CB. Mapa dos homicídios por arma de fogo: perfil das vítimas e das agressões. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(5):748-55. https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000500006

Zavala-Zegarra DE, López-Charneco M, Garcia-Rivera EJ, Concha-Eastman A, Rodriguez JF, Conte-Miller M. Geographic distribution of risk of death due to homicide in Puerto Rico, 2001-2010. Rev Panam Salud Pública. 2012;32(5):321-9. https://doi.org/10.1590/s1020-49892012001100001

Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS: estimativas população: município, sexo e idade 2000 – 2015. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0206&id=6942. Acesso em: 18 jan 2018.

Barcellos C, Zalluar A. Homicídios e disputas territoriais nas favelas do Rio de Janeiro. Rev Saúde Pública. 2014;48(1):94-102. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004822

Drumond EF, Souza HNF, Hang-Costa TA. Homicides, alcohol and drugs in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil, 2000-2009. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(4):607-16. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000400003

Gonzalez-Perez GJ, Vega-López MG, Cabrera-Pivaral CE, Vega-López A, Munõz la Torre AM. Mortalidad por homicídios en México: tendencias, variaciones socio-geográficas y factores asociados. Cienc Saude Coletiva. 2012;17(12):3195-208. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012001200005

Dayrell M, Caiaffa WT. Homicídios e consumo de drogas: breve revisão contextualizada em uma zona urbana metropolitana. Rev Med Minas Gerais. 2012;22(3):321-7.

Singulane BAR, Silva NB, Sartes LMA. Histórico e fatores associados à criminalidade e violência entre dependentes de crack. Psico-USF. 2016;21(2):395-407. http://dx.doi.org/10.1590/1413-82712016210215

Reichenheim ME, Souza ER, Moraes CL, Jorge MHM, Silva CM, Minayo MCS. Violence and injuries in Brazil: the effect, progress made, and challenges ahead. Lancet. 2011;377(9781):1962-75. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60053-6

Madruga CS, Laranjeira R, Caetano R, Ribeiro W, Zaleski M, Pinsky I, et al. Early life exposure to violence and substance misuse in adulthood: the first Brazilian national survey. Addict Behav. 2011;36(3):251-5. http://dx.doi.org/10.1016/j.addbeh.2010.10.011

Justus M, Kahn T, Cerqueira D. O “Mistério de São Paulo” e o papel do PCC na redução de homicídios nos anos 2000. Instituto de Economia UNICAMP; 2016.

Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Síntese dos indicadores sociais. Uma análise das condições de vida da população brasileira: 2018. Rio de Janeiro: OBGE, 2018.

OXFAM Brasil. Um retrato das desigualdades brasileiras: país estagnado. Disponível em: https://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/relatorio_desigualdade_2018_pais_estagnado_digital.pdf. Acesso em: 18 jan 2019

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Pobreza na infância e na adolescência. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/pobreza_infancia_adolescencia.pdf. Acesso em: 18 jan 2019