Estilo de vida, morbidades e multimorbidade em Quilombolas adultos
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Resumo
Introdução: O estilo de vida negativo tem sido associado a condições adversas a saúde, predispondo ao aumento de morbidade e mortalidade nas mais variadas populações. Objetivo: Avaliar a associação do estilo de vida com morbidades e multimorbidade em adultos quilombolas, residentes de comunidades descendentes de escravos (quilombos). Métodos: Estudo transversal com amostra representativa de adultos habitantes de quilombos de uma região geográfica do Estado da Bahia, no Brasil. Os dados foram obtidos por aplicação de formulário padronizado contendo características sociodemográficas e morbidades. O estilo de vida foi avaliado como positivo ou negativo pelo questionário Perfil de Estilo de Vida Individual (PEVI), que abrange os domínios: nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos, controle do estresse. Utilizou-se regressão de Poisson para estimar razões de prevalência, com significância estatística para p<0,05. Resultados: Foram identificados 18,5% dos quilombolas com PEVI negativo. Pressão alta, obesidade central e multimorbidade acometem respectivamente 53,5%, 56,2% e 50,2% da população. Os homens apresentam PEVI mais positivo, no entanto o domínio alimentação é mais negativo. As mulheres apresentaram os domínios atividade física e controle do estresse mais negativos. Obesidade central se associou ao domínio de atividade física e as dislipidemias e multimorbidade com o domínio do comportamento preventivo. Conclusão: Cerca de um quinto dos quilombolas apresentaram PEVI negativo, alta prevalência de morbidades e multimorbidade. As diferentes associações entre PEVI e seus domínios (atividade física, comportamento preventivo e controle do Stress) revelam que a adoção de hábitos positivos de saúde infere na presença das morbidades.
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