Consumo de alimentos ultraprocessados e exposição a telas de pré-escolares residentes em região de alta vulnerabilidade social em São Paulo, Brasil

Conteúdo do artigo principal

Lidiany do Nascimento Leite
Bruna da Silva Damaceno
Amanda Forster Lopes

Resumo

Introdução: Há, a nível mundial, um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, inclusive entre crianças pré-escolares. O tempo de exposição a telas demanda atenção quanto às consequências desse hábito. Estudos sobre o consumo de ultraprocessados e o tempo de exposição a telas são escassos na literatura. Objetivo: Analisar a frequência de consumo de refrigerantes, suco industrializado, doces e alimentos fast food e o tempo de exposição a telas de pré-escolares. Métodos: Estudo transversal, com 218 crianças (idade média 2,5±0,9 anos), frequentadoras de uma Organização Não Governamental, no município de São Paulo, Brasil. Os dados foram coletados através de um formulário semiestruturado preenchido pelos responsáveis dos pré-escolares. Dados socioambientais, de frequência alimentar e de exposição a telas foram sistematizados para a realização das análises estatísticas. Resultados: Mais de 30,0% das crianças consomem bebidas açucaradas mais de uma vez por semana, 35,8% consomem doces diariamente e 42,7% alimentos fast food com frequência mensal. Metade dos pré-escolares é exposto a distrações no momento das refeições e 70,0% tem contato por mais de uma hora/dia. O tempo de exposição a telas teve relação significativa (p<0,0001) com a idade das crianças e o consumo de refrigerantes e de alimentos congelados. Conclusão: Há entre os pré-escolares alta exposição à alimentos ultraprocessados e a telas, esse último associado com o consumo de refrigerantes e congelados. Essa informação reforça a necessidade de um olhar cuidadoso e ações direcionadas a famílias com pré-escolares e residentes de regiões vulneráveis socialmente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Leite, L. do N., Damaceno, B. da S., & Lopes, A. F. (2022). Consumo de alimentos ultraprocessados e exposição a telas de pré-escolares residentes em região de alta vulnerabilidade social em São Paulo, Brasil. ABCS Health Sciences, 47, e022217. https://doi.org/10.7322/abcshs.2020129.1584
Seção
Artigos Originais

Referências

World Health Organization (WHO). Ultra-processed food and drink products in Latin America: Trends, impact on obesity, policy implications. Washington: WHO, 2015.

Wells JC, Sawaya AL, Wibaek R, Mwangome M, Poullas MS, Yajnik CS, et al. The double burden of malnutrition: aetiological pathways and consequences for health. Lancet. 2020;395(10217):75-88. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(19)32472-9

World Health Organization (WHO). The optimal duration of exclusive breastfeeding: a systematic review. Geneva: WHO, 2002.

Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IRR, Cannon G. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: Evidence from Brazil. Public Health Nutr. 2011;14(1):5-13. https://doi.org/10.1017/S1368980010003241

Anastácio COA, Oliveira JM, Moraes MM, Damião JJ, Castro IRR. Perfil nutricional de alimentos ultraprocessados consumidos por crianças no Rio de Janeiro. Rev Saude Publica. 2020;54:89. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001752

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção à Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

Jaime PC, Prado RR, Malta DC. Influência familiar no consumo de bebidas açucaradas em crianças menores de dois anos. Rev Saude Publica. 2017;51(Supl 1):13s. http://dx.doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051000038

Rossi CE, Albernaz DO, Vasconcelos FAG, Assis MAA, Di Pietro PF. Influência da televisão no consumo alimentar e na obesidade em crianças e adolescentes: uma revisão sistemática. Rev Nutr. 2010;23(4):607-20. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732010000400011

Martines RM, Machado PP, Neri DA, Levy RB, Rauber F. Association between watching TV whilst eating and children's consumption of ultraprocessed foods in United Kingdom. Matern Child Nutr. 2019;15(4):e12819. https://doi.org/10.1111/mcn.12819

Lucena JMS, Cheng LA, Cavalcante TLM, Silva VA, Farias Júnior JC. Prevalência de tempo excessivo de tela e fatores associados em adolescentes. Rev Paul Pediatr. 2015;33(4):407-14. https://doi.org/10.1016/j.rpped.2015.04.001

Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Manual de orientação: grupo de trabalho saúde na era digital (2019-2021). Available from: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/07/22246c-ManOrient_-__MenosTelas__MaisSaude.pdf.

Bogea EG, Martins MLB, Carvalho WRC, Arruda SPM, França AKTC, Silva AAM. Eating patterns among children aged 13 to 35 months nd association with maternal characteristics. Cad Saude Publica. 2019;35(4):e00072618. https://doi.org/10.1590/0102-311x00072618

Souza MS, Vaz JS, Martins-Silva T, Bomfim RA, Cascaes AM. Ultra-processed foods and early childhood caries in 0-3-year-olds enrolled at Primary Healthcare Centers in Southern Brazil. Public Health Nutr. 2020;1-9. https://doi.org/10.1017/S1368980020002839

Marçal GM, Mendes MME, Fragoso MGM, Florêncio TMMT, Bueno NB, Clemente APG. Association between the consumption of ultra-processed foods and the practice of breastfeeding in children under 2 years of age who are beneficiaries of the conditional cash transfer programme, Bolsa Família. Public Health Nutr. 2020;1-9. https://doi.org/10.1017/S136898002000244X

Costa CS, Del-Ponte B, Assunção MCF, Santos IS. Consumption of ultra-processed foods and body fat during childhood and adolescence: A systematic review. Public Health Nutr. 2018;21(1):148-59. https://doi.org/10.1017/S1368980017001331

Larqué E, Labayen I, Flodmark CE, Lissau I, Czernin S, Moreno LA, et al. From conception to infancy - early risk factors for childhood obesity. Nature Rev Endocrinol. 2019;15(8):456-78. https://doi.org/10.1038/s41574-019-0219-1

Colucci ACA, Philippi ST, Slater B. Desenvolvimento de um questionário de frequência alimentar para avaliação do consumo alimentar de crianças de 2 a 5 anos de idade. Rev Bras Epidemiol. 2004;7(4):393-401. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2004000400003

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Organização Mundial da Saúde Brasil. (OMS). Para crescerem saudáveis, crianças precisam passar menos tempo sentadas e mais tempo brincando Available from: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5919:para-crescerem-saudaveis-criancas-precisam-passar-menos-tempo-sentadas-e-mais-tempo-brincando&Itemid=839.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção à Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

Giesta JM, Zoche E, Corrêa RS, Bosa VL. Fatores associados à introdução precoce de alimentos ultraprocessados na alimentação de crianças menores de dois anos. Cienc Saude Coletiva. 2019;24(7):2387-97. https://doi.org/10.1590/1413-81232018247.24162017

Lopes WC, Pinho L, Caldeira AP, Lessa AC. Consumption of ultra-processed foods by children under 24 months of age and associated factors. Rev Paul Pediatr 2020;38:e2018277. https://doi.org/10.1590/1984-0462/2020/38/2018277

Karnopp EVN, Vaz JS, Schafer AA, Muniz LC, Souza RLV, Santos I, et al. Food consumption of children younger than 6 years according to the degree of food processing. J Pediatr (Rio J). 2017;93(1):70-8. https://doi.org/10.1016/j.jped.2016.04.007

Costa CS, Del-Ponte B, Assunção MCF, Santos IS. Consumption of ultra-processed foods and body fat during childhood and adolescence: a systematic review. Public Health Nutr. 2017;21(1):148-59. https://doi.org/10.1017/S1368980017001331

Beserra JB, Soares NIS, Marreiros CS, Martins MCC, Freitas BJS, Santos MM, Frota KMG. Do children and adolescents who consume ultra-processed foods have a worse lipid profile? A systematic review. Cienc Saude Coletiva. 2020;25(12):4979-89. https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.29542018

Bujtor M, Turner AI, Torres SJ, Esteban-Gonzalo L, Pariante CM, Borsini A. Associations of dietary intake on biological markers of inflammation in children and adolescents: A systematic review. Nutrients. 2021;13(2):356. https://doi.org/10.3390/nu13020356

Aguayo-Patrón SV, de la Barca AMC. Old Fashioned vs. Ultra-Processed-Based Current Diets: Possible Implication in the Increased Susceptibility to Type 1 Diabetes and Celiac Disease in Childhood. Foods. 2017;6(11):100. https://doi.org/10.3390/foods6110100

Relvas GRB, Buccini GS, Venancio SI. Ultra-processed food consumption among infants in primary health care in a city of the metropolitan region of São Paulo, Brazil. J Pediatr (Rio J). 2019;95(5):584-92. https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.05.004

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Mapeamento dos Desertos Alimentares no Brasil. Brasília: MDS, 2018.

Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IBDEC). Alimentando Políticas. Desertos alimentares: encontrar alimentos saudáveis pode ser tão difícil quanto descobrir um oásis no Saara. Available from: https://alimentandopoliticas.org.br/wp-content/uploads/2019/03/Desertos-Alimentares.pdf.

Nwankwo F, Shin D, Al-Habaibeh A, Massoud H. Evaluation of Children’s Screen Viewing Time and Parental Role in Household Context. Glob Pediatr Health. 2019;6:2333794X19878062. https://doi.org/10.1177/2333794X19878062

Miguel-Berges ML, Santaliestra-Pasias AM, Mouratidou T, Miguel-Etayo P, Androutsos O, Craemer M, et al. Combined longitudinal effect of physical activity and screen time on food and beverage consumption in European Preschool Children: the toybox-study. Nutrients. 2019;11(5):1048. https://doi.org/10.3390/nu11051048

Avery A, Anderson C, McCullough F. Associations between children’s diet quality and watching television during the meal or snack consumption: a systematic review. Matern Child Nutr. 2016;13(4):e12428. https://doi.org/10.1111/mcn.12428

Maia EG, Costa BVL, Coelho FS, Guimarães JS, Fortaleza RG, Claro RM. Análise da publicidade televisiva de alimentos no contexto das recomendações do guia alimentar para a população brasileira. Cad Saude Publica. 2017;33(4):e00209115. https://doi.org/10.1590/0102-311X00209115

Dalton MA, Longacre MR, Drake KM, Cleveland LP, Harris JL, Hendricks K, et al. Child-targeted fast-food television advertising exposure is linked with fast-food intake among pre-school children. Saude Publica Nutr. 2017;20(9):1548-56. https://doi.org/10.1017/S1368980017000520

Leite FHM, Mais LM, Ricardo CZ, Andrade GC, Guimarães JS, Claro RM, et al. Nutritional quality of foods and nonalcoholic beverages advertised on Brazilian free-to-air television: a cross-sectional study. BMC Public Health. 2020;20(1):385. https://doi.org/10.1186/s12889-020-08527-6

Longo-Silva G, Silveira JAC, Menezes RCE, Toloni MHA. Age at introduction of ultra-processed food among preschool children attending day-care centers. J Pediatr (Rio J). 2017;93(5):508-16. https://doi.org/10.1016/j.jped.2016.11.015

Jusiene R, Urbonas V, Laurinaityte I, Rakickiene L, Breidokiene R, Kuzminskaite M, et al. Screen use during meals among young children: the exploration of associated variables. Medicina (Kaunas) 2019;55(10):688. https://doi.org/10.3390/medicina55100688