Conhecimento de acadêmicos de Enfermagem sobre a violência obstétrica

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Thais Marquezoni Ramos
Erika Zambrano Tanaka
Elenice Valentim Carmona
Clara Fróes de Oliveira Sanfelice

Resumo

Introdução: A violência obstétrica é um fenômeno multifatorial mundial. É caracterizada pelo tratamento desrespeitoso no contexto das instituições de saúde, durante o ciclo gravídico-puerperal. Dessa forma, identificar o conhecimento dos futuros profissionais de saúde sobre esse tema é uma maneira de contribuir para o desenho de estratégias de ensino que favoreçam uma formação profissional consciente e comprometida com a prevenção e enfrentamento da violência obstétrica. Objetivo: Avaliar o nível de conhecimento de estudantes de enfermagem sobre Violência Obstétrica. Métodos: Pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem quantitativa, com amostra de 115 acadêmicos de uma universidade pública. Os dados foram coletados com aplicação de instrumento estruturado. As questões foram analisadas utilizando testes estatísticos e modelos de regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: Cerca de 99,1% dos estudantes tiveram contato com o tema e 56,3% conhecem alguém que sofreu violência obstétrica. A universidade e as redes sociais foram citadas como as principais fontes de informação. Apenas 10,5% foram capazes de estimar quantas mulheres atualmente sofrem violência obstétrica; 13% conhecem a legislação disponível e 33,04% disseram saber como fazer uma denúncia. Conclusão: Os achados indicam que os acadêmicos possuem conhecimento superficial sobre o tema investigado, ignorando os aspectos epidemiológicos, a legislação vigente no Brasil e os equipamentos disponíveis para a denúncia. Esses resultados justificam a qualificação do ensino sobre violência obstétrica no processo de formação desses futuros profissionais, como estratégia de prevenção e combate à violência obstétrica.

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Detalhes do artigo

Como Citar
Ramos, T. M., Tanaka, E. Z. ., Carmona, E. V., & Sanfelice, C. F. de O. (2022). Conhecimento de acadêmicos de Enfermagem sobre a violência obstétrica . ABCS Health Sciences, 47, e022221. https://doi.org/10.7322/abcshs.2020163.1606
Seção
Artigos Originais
Biografia do Autor

Erika Zambrano Tanaka, Faculdade de Enfermagem, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Campinas (SP), Brasil

Professora Doutora da Área de Enfermagem na Saúde da Mulher e do Recém-nascido/FENF UNICAMP. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa da Saúde da Mulher e do Recém-nascido (GEPESM) da Faculdade de Enfermagem. Doutora pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-USP, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Enfermeira Obstetra pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- USP. Graduação em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Elenice Valentim Carmona, Faculdade de Enfermagem, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Campinas (SP), Brasil

Graduação e Licenciatura em Enfermagem (1999) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestrado em Enfermagem (2005) pela UNICAMP. Especialização em Enfermagem Obstétrica (2010) pelo Centro Universitário São Camilo. Doutora em Ciências (2012) pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-doutorado em Enfermagem Neonatal (2014) pela University of Texas - Health Science Center San Antonio, como bolsista FAPESP. Professora Doutora do Curso de Graduação em Enfermagem, bem como do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Faculdade de Enfermagem da UNICAMP. Desenvolve atividades de ensino, pesquisa e assistência em: saúde da mulher e do recém-nascido; atenção ao recém-nascido de risco e família; aleitamento materno; Processo de enfermagem e Classificações de Enfermagem. Experiência assistencial em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Membro eleito do Diagnosis Development Committee da NANDA-International, gestão 2014-2018. Membro da Rede de Pesquisa em Processo de Enfermagem (RePPE). Líder do Grupo de Pesquisa " Saúde da Mulher e do Recém-nascido", cadastrado no CNPq.

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