Ausência de aleitamento materno na alta hospitalar de recém-nascidos prematuros: prevalência e fatores associados

Conteúdo do artigo principal

Amanda de Araújo Lima
Micaely Cristina dos Santos Tenório
Carolina Santos Mello
Alane Cabral Menezes de Oliveira

Resumo

Introdução: Diversas estratégias têm sido implementadas com enfoque na assistência à saúde da criança prematura, sendo a amamentação umas delas. Objetivo: Identificar a prevalência e os fatores associados à ausência de aleitamento materno na alta hospitalar de recém-nascidos prematuros. Métodos: Estudo transversal realizado na rede pública de saúde de Maceió, Brasil com puérperas e seus recém-nascidos pré-termos. Foram obtidas informações maternas sobre dados socioeconômicos, obstétricos, de pré-natal e antropométricos, por meio de questionário, informações dos recém-nascidos via consulta aos prontuários médicos (idade gestacional ao nascer, sexo da criança, via de parto (vaginal ou cesariana), peso e comprimento ao nascimento e índices de Apgar no 1º e 5º minutos de vida) e sobre a prática do aleitamento materno no momento da alta hospitalar. Análise de regressão de Poisson em modelo hierarquizado foi realizada para identificação dos fatores associados ao desfecho de interesse, com os valores expressos em Razão de Prevalência (RP) e respectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC95%). Resultados: Foram avaliadas 381 díades, das quais 167 (43,8%) não estavam em aleitamento materno no momento da alta hospitalar. Intercorrências clínicas no recém-nascido (RP=2,20, IC95% 1,73-2,80), contato tardio entre mãe e filho no pós-parto (RP=1,76 IC95% 1,34-2,31), baixo Apgar no 1º minuto (RP=1,44 IC95% 1,15-1,82) e ter idade gestacional ao nascer < 34 semanas (RP=1,48 IC95% 1,18-1,84) foram fatores associados à ausência do aleitamento materno. Conclusão: A ausência de aleitamento materno na alta hospitalar de recém-nascidos prematuros foi frequente, estando associada a fatores pertinentes ao nascimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Lima, A. de A., Tenório, M. C. dos S., Mello, C. S., & Oliveira, A. C. M. de. (2022). Ausência de aleitamento materno na alta hospitalar de recém-nascidos prematuros: prevalência e fatores associados. ABCS Health Sciences, 47, e022214. https://doi.org/10.7322/abcshs.2020170.1620
Seção
Artigos Originais

Referências

Liu L, Oza S, Hogan D, Chu Y, Perin J, Zhu J, et al. Global, regional, and national causes of under-5 mortality in 2000–15: an updated systematic analysis with implications for the Sustainable Development Goals. Lancet. 2016;388(10063):3027-35. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31593-8

World Health Organization (WHO). WHO recommendations on interventions to improve preterm birth outcomes. Geneva: WHO, 2015.

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos no Brasil (SINASC). Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def.

Hilditch C, Howes A, Dempster N, Keir A. What evidence‐based strategies have been shown to improve breastfeeding rates in preterm infants? J Paediatr Child Health. 2019;55(8):907-14. https://doi.org/10.1111/jpc.14551

World Health Organization (WHO). Indicators for assessing infant and young child feeding practices. Part 1: definitions: conclusions of a consensus meeting held 6-8 November 2007 in Washington, DC, USA. Geneva: WHO, 2007.

Lewis ED, Richard C, Larsen BM, Field CJ. The importance of human milk for immunity in preterm infants. Clin Perinatol. 2017;44(1):23-47. https://doi.org/10.1016/j.clp.2016.11.008

Casey L, Fucile S, Dow KE. Determinants of successful direct breastfeeding at hospital discharge in high-risk premature infants. Breastfeed Med. 2018;13(5):346‐51. https://doi.org/10.1089/bfm.2017.0209

Hannan KE, Juhl AL, Hwang SS. Impact of NICU admission on Colorado-born late preterm infants: breastfeeding initiation, continuation and in-hospital breastfeeding Practices. J Perinatol. 2018;38(5):557-66. https://doi.org/10.1038/s41372-018-0042-x

Menezes MAS, Garcia DC, Melo EV, Cipolotti R. Recém-nascidos prematuros assistidos pelo Método Canguru: avaliação de uma coorte do nascimento aos seis meses. Rev Paul Pediatr. 2014;32(2):171-7. https://doi.org/10.1590/0103-0582201432213113

Arns-Neumann C, Ferreira TK, Cat MNL, Martins M. Aleitamento materno em prematuros: prevalência e fatores associados à interrupção precoce. J Paran Pediatr. 2020;21(1):18-24. https://doi.org/10.5935/1676-0166.20200005

World Health Organization (WHO). Health aspects of low birth weight. Tech Rep Series. Geneva: WHO, 1961.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

Atalah SE, Castilho LC, Santoro RC, Aldea PA. Propuesta de un nuevo estándar de evaluación nutricional en embarazadas. Rev Med Chile. 1997;125(12):1429-36.

Institute of Medicine. National Research Council. Committee to Reexamine IOM Pregnancy Weight Guidelines; Rasmussen KM, Yaktine AL. Weight gain during pregnancy: reexamining the guidelines. Washington: National Academies Press, 2009.

Kilpatrick SJ, Papile LA, Marcones GA, Watterberg KL. Guidelines for Perinatal Care Eighth edition. Elk Grove Village: American Academy of Pediatrics, 2017.

Villar J, Ismail LC, Victora CG, Ohuma EO, Bertino E, Altman DG, et al. International standards for newborn weight, length, and head circumference by gestational age and sex: the Newborn Cross-Sectional Study of the INTERGROWTH-21st Project. Lancet. 2014;384(9946):857-68. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(14)60932-6

Villar J, Giuliane F, Fenton TF, Ohuma EO, Ismail LC, Kennedy SH, et al. Intergrowth-21st very preterm size at birth reference charts. Lancet. 2016;387(10021): 844-5. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)00384-6

American Academy of Pediatrics Committee on Fetus and Newborns; American College of Obstetricians and Gynecologists Committee on Obstetric Practice. The Apgar Score. Pediatrics. 2006;136(4):1444-7. https://doi.org/10.1542/peds.2015-2651

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

Boccolini CS, Carvalho ML, Oliveira MI. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida no Brasil: revisão sistemática. Rev Saude Publica 2015;49:91. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049005971

Blencowe H, Cousens S, Oestergaard MZ, Chou D, Moller AB, Narwal R, et al. National, regional, and worldwide estimates of preterm birth rates in the year 2010 with time trends since 1990 for selected countries: a systematic analysis and implications. Lancet. 2012;379(9832):2162-72. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60820-4

Pai C, Jim W, Lin H, Hsu C, Kao H, Hung H, et al. Factors That Influence Human Milk Feeding at Hospital Discharge for Preterm Infants in a Tertiary Neonatal Care Center in Taiwan. J Perinat Neonat Nurs. 201832(2):189-95. https://doi.org/10.1097/JPN.0000000000000332

Gianni ML, Bezze EN, Sannino P, Baro M, Roggero P, Muscolo S, et al. Maternal views on facilitators of and barriers to breastfeeding preterm infants. BMC Pediatrics. 2018;18(1):283-90. https://doi.org/10.1186/s12887-018-1260-2

Méio MDBB, Villela LD, Gomes Júnior SCS, Tovar CM, Moreira MEL. Amamentação em lactentes nascidos pré-termo após alta hospitalar: acompanhamento durante o primeiro ano de vida. Cienc Saude Coletiva. 2018;23(7):2403-12. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018237.15742016

Hallowell SG, Rogowski JA, Spatz DL, Hanlon AL. Kenny M, Lake ET. Factors associated with infant feeding of human milk at discharge from neonatal intensive care: Cross-sectional analysis of nurse survey and infant outcomes data. Int J Nurs Stud. 2016;53:190-203. https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2015.09.016

Ericson J, Flacking R, Hellström-Westas L, Eriksson M. Changes in the prevalence of breastfeeding in preterm infants discharged from neonatal units: a register study over 10 years. BMJ Open. 2016;6(12):e:012900. http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2016-012900

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Secretaria de Atenção à Saúde. Iniciativa Hospital Amigo da Criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

Passanha A, Benicio MHD, Venâncio SI, Reis MCG. Implantação da Rede Amamenta Brasil e prevalência de aleitamento materno exclusivo. Rev Saude Publica. 2013;47(6):1141-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047004807

Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos. Brasília: ANVISA, 2008.

World Health Organization (WHO). United Nations Children's Fund (UNICEF). Tracking progress for breastfeeding policies and programmes: Global breastfeeding scorecard 2017. WHO/UNICEF, 2017.

Boccolini CS, Boccolini PMM, Monteiro FR, Venâncio SI, Giugliani ERJ. Tendência de indicadores do aleitamento materno no Brasil em três décadas. Rev Saude Publica. 2017;51:108. http://dx.doi.org/10.11606/s1518-8787.2017051000029

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) -2019: Resultados preliminares – Indicadores de aleitamento materno no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, 2020.

Lee HC, Subeh M, Gould JB. Low Apgar score and mortality in extremely preterm neonates born in the United States. Acta Paediatr. 2010;99(12):17a85-9. http://doi.org/10.1111/j.1651-2227.2010.01935.x

Maastrup R, Rom AL, Walloee S, Sandfeld HB, Kronborg H. Factors associated with exclusive breastfeeding of preterm infants. Results from a prospective national cohort study. PLoS One. 2014;9(2):e89077. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0245273

Venâncio SI, Toma TS. Promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno: evidências científicas e experiências de implementação. São Paulo: Instituto de Saúde, 2019.

Boccolini CS, Carvalho ML, Oliveira MIC, Pérez-Escamilla R. Breastfeeding during the first hour of life and neonatal mortality. J Pediatr. 2013;89(2):131-6. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2013.03.005

Tilahun G, Degu G, Azale T, Tigabu A. Prevalence and associated factors of timely initiation of breastfeeding among mothers at Debre Berhan town, Ethiopia: a cross-sectional study. Int Breastfeed J. 2016;11(1):27. http://dx.doi.org/10.1186/s13006-016-0086-5

Santos NLAC, Costa MC, Amaral MT, Vieira GO, Bacelar EB, Almeida AH. Gravidez na adolescência: análise de fatores de risco para baixo peso, prematuridade e cesariana. Cienc Saude Coletiva. 2014;19(3):719-26. https://doi.org/10.1590/1413-81232014193.18352013

Cinquetti M, Colombari AM, Battisti E, Marchetti P, Piacentini G. The influence of the type of delivery, skin-to-skin contact, and maternal nationality on breastfeeding rates at hospital discharge in a baby-friendly hospital in Italy. Pediatr Med Chir. 2012;41(1):207. https://doi.org/10.4081/pmc.2019.207

Prior E, Santhakumaran S, Gale C, Modi LHP, Hyde MJ. Breastfeeding after cesarean delivery: a systematic review and meta-analysis of world literature. Am J Clin Nutr. 2012;95(5):1113-35. https://doi.org/10.3945/ajcn.111.030254