Uso de antimicrobianos em pacientes em cuidados paliativos na Unidade de Terapia Intensiva: um estudo retrospectivo
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Resumo
Introdução: Os cuidados paliativos (CP) melhoram a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares. O uso de antimicrobianos é controverso em pacientes em CP, especialmente internados na unidade de terapia intensiva (UTI). Objetivo: Avaliar o uso de antimicrobianos em pacientes em CP internados na UTI. Método: Estudo retrospectivo, realizado de agosto de 2019 a setembro de 2020. Os dados sobre perfil demográfico, hospitalização, CP e uso de antimicrobianos foram coletados do banco de dados do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, Brasil. Resultados: Foram estudados 182 pacientes, com idade média de 65 anos e 52% de homens. O tempo médio de permanência na UTI foi 3 dias; o tempo médio total de permanência no hospital foi 6 dias e 89,5% dos pacientes morreram. O tempo na UTI dos pacientes tratados com antibióticos (14,8%) foi significativamente maior (p=0,033) que dos pacientes que não foram tratados (85,2%). O uso ou não de antibióticos não alterou o resultado. Entre os que tomaram antibióticos, a morte ocorreu em 81,5% dos casos e entre os que não usaram, 74,8% morreram (p=0,627). Entre os casos que usaram antibióticos de amplo espectro, 17/19 (89,5%) morreram e a média de permanência hospitalar foi 16,2 dias. Entre os casos que usaram espectro estreito, 5/9 (62,5%) morreram e a média de permanência hospitalar foi 6,4 dias (p=0,033). Conclusão: A administração e/ou o espectro de antibióticos em pacientes com CP internados na UTI não alterou a taxa de mortalidade. A administração de antibióticos aumentou o tempo de permanência na UTI.
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