Cibercondria e qualidade de vida: um estudo transversal em indivíduos brasileiros
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Resumo
Introdução: A cibercondria é uma entidade recentemente descrita, na qual os pacientes buscam recorrentemente informações sobre saúde na internet, desenvolvendo ansiedade e angústia com as informações obtidas. Objetivo: Estudar a cibercondria em uma amostra da população brasileira: sua possível associação com variáveis epidemiológicas e interferência na qualidade de vida. Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal, com 948 participantes. Foram aplicados três questionários via internet: um epidemiológico; o questionário Cyberchondria Severity Scale (CSS) e o questionário de qualidade de vida (QoL) SF-12 (12 itens Short-Form Health Survey). Resultados: O CSS correlacionou-se fraca e negativamente com a idade dos participantes na subescala “compulsão” (r=-0,08, p=0,01) e “angústia” (r=-0,12, p<0,0001). Os homens tiveram escores mais altos em “compulsão” (p=0,02). Foi encontrada correlação fraca e negativa entre as subescalas “compulsão”, “angústia”, “excesso” e “busca de garantias” do CSS e SF-12-domínios físicos e as subescalas de “compulsão” e “angústia” com o SF-12 domínio mental. Foi encontrada relação independente entre sexo masculino (p=0,009), residir na zona rural (p=0,002), ter menos de 10 anos de estudo formal (p<0,0001) e ganhar menos de 5 salários-mínimos/mês (p=0,0002) com a subescala “desconfiança do profissional médico”. Conclusão: Os indivíduos do sexo masculino e mais jovens apresentam maiores níveis de compulsão no CSS do que os do sexo feminino e os idosos. A desconfiança em relação ao profissional médico foi menos comum no sexo feminino, nos residentes em área urbana e naqueles com maior escolaridade e maior renda. A cibercondria interfere na qualidade de vida mental e física.
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