Contaminação de alface por parasitas: comparação entre estabelecimentos localizados em áreas de alto e baixo valor econômico
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Resumo
Introdução: Doenças causadas por alimentos contaminados são uma ameaça à saúde pública. A alface (Lactuca sativa) é um vegetal bastante utilizado na alimentação humana. Algumas revisões sistemáticas mostraram a contaminação parasitária da alface no Brasil. Objetivo: Avaliar se os níveis de contaminação da alface estão associados ao tipo de estabelecimento comercial e ao valor econômico de suas localizações. Métodos: Foram coletadas 130 amostras de alface crespa em 65 estabelecimentos comerciais espalhados pela cidade. As amostras foram lavadas com água destilada e a água foi submetida ao método de sedimentação espontânea por 24 horas, seguindo-se avaliação do sedimento com microscopia óptica. A frequência de contaminação das amostras foi comparada entre os tipos de estabelecimentos. Resultados: Formas parasitárias foram encontradas em 80% das amostras, a saber: cisto ciliados (provável Balantioides coli), larvas de nematoides, Ascaris lumbricoides, ovos de cestoides, Giardia lamblia, Hymenolepis nana, Entamoeba coli e Fasciola hepatica. A contaminação por larvas de nematoides foi mais frequente em fruteiras do que em mercados (35,9% vs. 19,7%; p=0,039). A frequência de contaminação parasitária não diferiu entre estabelecimentos localizados em setores de alto e baixo valor econômico, mas houve tendência de maior contaminação por ovos de cestoides em áreas de baixo valor. Conclusão: Esta pesquisa foi a primeira a mostrar que a frequência de contaminação parasitária não difere entre estabelecimentos localizados em setores de alto e baixo valor econômico, refutando o senso comum de que regiões da cidade com maior renda estão menos expostas à infecção parasitária causadas por alimentos.
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