Indicação de punção lombar para diagnóstico da neurossífilis
Conteúdo do artigo principal
Resumo
A sífilis é um agravo infectocontagioso causado pelo Treponema pallidum, de transmissão predominantemente sexual, que afeta 12 milhões de pessoas por ano no mundo. Se não curada em suas fases iniciais, predispõe a complicações potencialmente graves. Uma dessas complicações é a neurossífilis, caracterizada pela invasão do sistema nervoso central pelo T. Pallidum em qualquer fase da história natural da infecção, cuja mortalidade ultrapassa 60%. Em pessoas com HIV, essa complicação pode ser mais frequente, surgir após um menor período de latência e ser mais agressiva.Na maioria das vezes, a neurossífilis é assintomática ou se apresenta por meio de manifestações clínicas pouco específicas que demandam alto índice de suspeição e propedêutica laboratorial invasiva. O diagnóstico é feito através de provas sorológicas ou de biologia molecular no líquor. A controvérsia é sobre a indicação desse diagnóstico e respectivo tratamento nos casos assintomáticos, principalmente em se tratando de pessoas que vivem com o HIV. Esta revisão narrativa da literatura concluiu que a punção lombar propedêutica da neurossífilis está indicada em pessoas que apresentam sororreagência ao VDRL, associado a uma ou mais das seguintes condições: manifestações neurológicas na esfera motora, sensitiva ou cognitiva; sintomatologia sifilítica ou VDRL maior que 1:8 pós-tratamento, descartada reinfecção; pessoas com HIV na presença de CD4 menor que 351 células/mm3 e VDRL maior ou igual a 1:32; e evidência de doença sifilítica terciária não neurológica em atividade (goma ou aortite). Feito o diagnóstico a partir desses critérios, o tratamento específico deverá ser administrado mesmo nos casos assintomáticos.
Downloads
Detalhes do artigo
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob uma licença Creative Commons CC BY que permite o compartilhamento e adaptação do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Referências
Fraga DD. Detecção de Treponema pallidum em líquido cefalorraquidinao (LCR) por reação em cadeia da polimerase (PCR) em pacientes HIV positivos assintomáticos com diagnóstico de sífilis latente. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2013.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 8 ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. p. 373-86.
Silva Neto RP. Erros diagnóstico e terapêutico em neurossífilis: uma análise de dez anos. Rev Bras Neurol. 2008;44(2):35-40.
Ghanem KG. Review: neurosyphilis: a historical perspective and review. CNS Neurosc Ther. 2010;16(5):e157-68. http://dx.doi.org/10.1111/j.1755-5949.2010.00183.x
Madhusudhan M. Neurosyphilis. Neurol India; J Neurol Soc India. 2009;57(3):233-4. http://dx.doi.org/10.4103/0028-3886.53259
De Almeida SM, Bhatt A, Riggs PK, Durelle J, Lazzaretto D, Marquie-Beck J, et al. Cerebrospinal fluid human immunodeficiency vírus viral load in patients with neurosyphilis. J Neurovirol. 2010;16(1):6-12. http://dx.doi.org/10.3109/13550280903514776
Proudfoot M, McLean B. Old adversaries, modern mistakes: neurosyphilis. Pract Neurol. 2013;13(3):174-7. http://dx.doi.org/10.1136/practneurol-2012-000314
Cleinman IB, May SB. Diretrizes de Atendimento de Sífilis em Adultos. Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.hucff.ufrj.br/download-de-arquivos/category/26-dip?download=338:rotinas. Acesso em: 13 mar. 2015.
Chahine LM, Khoriaty RN, Tomford WJ, Hussain MS. The changing face of neurosyphilis. Int J Stroke. 2011;6(2):136-43. http://dx.doi.org/10.1111/j.1747-4949.2010.00568.x
Almeida Filho N, Rouquayrol, MZ. Introdução à Epidemiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: MESI; 2006.
Barros AM, Cunha AP, Lisboa C, Sá MJ, Resende C. Neurossífilis revisão clínica e laboratorial. Arq Med. 2005;19(3):121-9.
Workowski KA, Berman SM. Sexually transmitted diseases treatment guidelines, 2006. MMWR Recomm Rep. 2006;55(RR11):1-94.
Workowski KA, Berman S. Sexually transmitted diseases treatment guidelines, 2010. MMWR Recomm Rep. 2010;59(RR12):1-110.
Avelleira JCR, Bottino G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An Bras Dermatol. 2006;81(2):111-26. http://dx.doi.org/10.1590/S0365-05962006000200002
Machado LR, Livramento JA, Vianna LS. O exame do liquido cefalorraquidiano em doenças infecciosas do sistema nervoso: quando pedir, o que pedir, o que esperar. Arq Neuropsiquiatr. 2013;71(9B):693-98. http://dx.doi.org/10.1590/0004-282X20130153
Ho EL, Marra CM. Treponemal tests for neurosyphilis - less accurate than what we thought? Sex Transm Dis. 2012;39(4):298-9. http://dx.doi.org/10.1097/OLQ.0b013e31824ee574
Salazar JC, Cruz AR, Pope CD, Valderrama L, Trujillo R, Saravia NG, et al. Treponema pallidum elicits innate and adaptive cellular immuneresponses in skin and blood during secondary syphilis: a flow-cytometric analysis. J Infect Dis. 2007;195(6): 879-87. http://dx.doi.org/10.1086/511822
Nadal LRM, Nadal SR. Indicações da punção liquórica nos portadores de sífilis. Rev Bras Colo-proctol. 2006;26(4):459-62. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-98802006000400015
Ghanem KG, Moore RD, Rompalo AM, Erbelding EJ, Zenilman JM, Gebo KA. Lumbar puncture in HIV-infected patients with syphilis and no neurologic symptoms. Clin Infect Dis. 2009;48(6):816-21. http://dx.doi.org/10.1086/597096
Dumaresq J, Langevin S, Gagnon S, Serhir B, Deligne B, Tremblay C, et al. Clinical prediction and diagnosis of neurosyphilis in HIV-infected patients with early Syphilis. J Clin Microbiol. 2013;51(12):4060-6. http://dx.doi.org/10.1128/JCM.01989-13
Martinelli P, Rizzo G, Scaglione C, Capellari S. Neurosyphilis orofacial dyskinesia: the candy sign. Mov Disord. 2013;28(2):246-7. http://dx.doi.org/10.1002/mds.25281
Choe PG, Song JS, Song KH, Jeon JH, Park WB, Park KU, et al. Usefulness of routine lumbar puncture in non-HIV patients with latent syphilis of unknown duration. Sex Transm Infect. 2010;86(1):39-40. http://dx.doi.org/10.1136/sti.2009.037267