Caracterização epidemiológica de pacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas em um centro de referência de Curitiba, Paraná, Brasil, 2011-2015

Conteúdo do artigo principal

Gisele de Paula e Silva Carneiro Mendes de Souza
Leticia Mara Marca
Milene Zanoni da Silva
Doroteia Aparecida Hofelmann
Yanna Dantas Rattmann

Resumo

Introdução: O transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) é a única alternativa para o tratamento de algumas doenças. Entretanto, identifica-se escassez de estudos na população brasileira. Objetivo: Caracterizar o perfil dos pacientes submetidos ao TCTH no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR), entre 2011 e 2015, com base em variáveis demográficas, diagnóstico, duração da internação, e a taxa de mortalidade na instituição. Métodos: Pesquisa de séries temporais baseada em dados do Sistema de Informações Hospitalares. Avaliou-se a tendência na distribuição das proporções ao longo dos anos por meio do teste de Cochran–Armitage e da regressão binomial negativa. A presença de autocorrelação seriada foi testada pelo teste de Durbin-Watson. Resultados: De 2011-2015 o Paraná foi responsável por 9,2% dos TCTH realizados no Brasil. O HC/UFPR foi responsável por 46,0% destes procedimentos realizados no Paraná. Não foram observadas variações significativas na distribuição das variáveis sexo (p=0,788) e número de TCTH (p=0,213). 59,5% dos pacientes residiam no PR, 49,4% tinham entre 0 e 17 anos, 79,9% eram brancos, e 63,5% do sexo masculino. O TCTH alogênico foi o mais realizado (88,5%). 58,5% permaneceram internados de 31 a 60 dias (média=37,6 dias). 9,1% foram a óbito. A anemia aplástica adquirida foi a doença base mais frequente (31,9%). Conclusão: O TCTH é um procedimento de alto custo e complexidade. O estudo e a compreensão dos fatores determinantes para o seu sucesso são de extrema importância para o melhor planejamento, estimativa de risco e elaboração de políticas públicas de saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Souza, G. de P. e S. C. M. de, Marca, L. M., Silva, M. Z. da, Hofelmann, D. A., & Rattmann, Y. D. (2018). Caracterização epidemiológica de pacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas em um centro de referência de Curitiba, Paraná, Brasil, 2011-2015. ABCS Health Sciences, 43(2). https://doi.org/10.7322/abcshs.v43i2.1014
Seção
Artigos Originais

Referências

Wingard JR, Vogelsang GB, Deeg HJ. Stem call transplantation: supportive care and long-term complications. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2002;2002(1):422-44. http://dx.doi.org/10.1182/asheducation-2002.1.422

Oliveira-Cardoso EA, Mastropietro AP, Voltarelli JC, Santos MA. Qualidade de vida de sobreviventes do transplante de células-tronco hematopoéticas: um estudo prospectivo. Psic Teor Pesq. 2009;25(4):621-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722009000400018

Ortega ETT, Lima DH, Veran MP, Kojo TK, Neves MI. Compêndio de enfermagem em transplante de células tronco hematopoéticas: rotinas e procedimentos em cuidados essenciais e em complicações. Curitiba: Editora Maio, 2004; p.435.

Castro JR CG. Análise Clínica e Epidemiológica do Transplante de Medula Óssea no serviço de oncologia pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2002; p.161.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria MS no 931, de 02 de maio de 2006. Aprova o Regulamento técnico para transplante de células-tronco hematopoéticas. Diário Oficial da União. 2006;48-52.

Hodgkinson KM, Kiernan J, Shih AW, Solh Z, Sheffield WP, Pineault N. Intersecting Worlds of Transfusion and Transplantation Medicine: An International Symposium Organized by the Canadian Blood Services Centre for Innovation. Transfus Med Rev. 2017;31(3):183-92. http://dx.doi.org/10.1016/j.tmrv.2017.03.001

Niederwieser D, Baldomero H, Szer J, Gratwohl MAM, Aljurf M, Atsuta Y, et al. Hematopoietic stem cell transplantation activity worldwide in 2012 and a SWOT analysis of the Worldwide Network for Blood and Marrow Transplantation Group including the global survey. Bone Marrow Transplant. 2016;51(6):778-85. http://dx.doi.org/10.1038/bmt.2016.18

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Dimensionamento dos transplantes no Brasil e em cada estado (2008-2015). Registro Bras Transp. 2015;21(4):6-81.

Sousa, AM. Fatores prognósticos para sobrevivência após transplante de células-tronco hematopoéticas em portadores de anemia aplástica. Tese (Mestrado) - Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Rio de Janeiro: 2012; p.113.

Yanagi Y, Assunção JV, Barrozo LV. The impact of atmospheric particulate matter on cancer incidence and mortality in the city of São Paulo, Brazil. Cad Saúde Pública. 2012;28(9):1737-48. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2012000900012

Andrade CT, Magedanz AMPCB, Escobosa DM, Tomaz WM, Santinho CS, Lopes TO, et al. A importância de uma base de dados na gestão de serviços de saúde. Einsten. 2012;10(3);360-5. http://dx.doi.org/10.1590/S1679-45082012000300018

Corgozinho MM, Gomes JRAA, Garrafa V. Transplantes de medula óssea no Brasil: Dimensão Bioética. Rev Latinoam Bioet. 2012;12(1):36-45.

Azevedo IC. Perfil clínico, epidemiológico e sobrevida dos transplantados com celúlas-tronco hematopoéticas em um serviço de referência no Rio Grande do Norte. Tese (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal: 2016; p.77.

Cabral DCP, Silva RCP, Lacerda ACT, Diniz JMT, Guedes DBB. Análise dos transplantes de medula óssea realizados em pernambuco no período de 2011 a 2012. Rev Bras Med. 2014;71(Esp. 1):2-10.

Antunes JLF, Cardoso MRA. Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(3):565-76. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000300024

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). HC em números. Disponível em: http://www.ebserh.gov.br/web/chc-ufpr/hcnumeros. Acesso em: 03 Maio 2017.

Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Paraná (UFPR). 50 anos. Rev Hospital. 2011;(Ed esp.):10-20.

Silva LCL, Pasquini R. Análise da rejeição nos pacientes transplantados por anemia aplástica severa condicionados com ciclofosfamida ou a associação desta ao bussulfano. Rev Bras Hematol Hemoter. 2005;27(1):5-11. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000300024

Eckrich M, Pasquini M. Hematopoietic cell transplantation in Latin America. Hematology. 2012;17(Supl. 1):189-92. http://dx.doi.org/10.1179/102453312X13336169157059

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria SAS/MS nº 1300, de 21 de novembro de 2013. Aprova o protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da Anemia Aplástica Adquirida. Diário Oficial União. 2013;66-68.

Tabak DG, Pereira SCM, Nogueira MD. Transplante de célula-tronco hematopoética para síndrome mielodisplásica. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010;32(Supl. 1):66-70. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842010005000016

Wildes TM, Stirewalt DL, Medeiros B, Hurria A. Hematopoietic stem cell transplantation for hematologic malignancies in older adults: geriatric principles in the transplant clinic. J Natl Compr Cancer Netw. 2014;12(1):128-36.

Federmann B, Faul C, Meisner C, Vogel W, Kanz L, Bethge WA. Influence of age on outcome after allogeneic hematopoietic cell transplantation: a single centar study in patients aged ≥ 60. Bone Marrow Transpl. 2015;50(3):427-31. http://dx.doi.org/10.1038/bmt.2014.292

Jagasia M, Arora M, Flowers M, Chao NJ, McCarthy PL, Cutler CS, et al. Risk factors for acute GVHD and survival after hematopoietic cell transplantation. Blood. 2012;119(1):296-307. http://dx.doi.org/10.1182/blood-2011-06-364265

Azevedo W. Doença enxerto versus hospedeiro aguda A-GVHD. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010;32(Supl. 1):16-21. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842010005000060

Joshua TV, Rizzo JD, Zhang MJ, Hari PN, Kurian S, Pasquini M, et al. Access to Hematopoietic Stem Cell Transplantation Effect of Race and Gender. Cancer. 2010;116(14):3469-76. http://dx.doi.org/10.1002/cncr.25297

Volochko A, Vidal N de P. Desigualdades raciais na saúde: mortalidade nas regiões de saúde paulistas, 2005. Bol Inst Saúde. 2010;12(2):143-53.

Switzer GE, Bruce JG, Myaskovsky L, DiMartini A, Shellmer D, Confer DL, et al. Race and ethnicity in decisions about unrelated hematopoietic stem cell donation. Blood. 2013;121(8):1469-76. http://dx.doi.org/10.1182/blood-2012-06-437343

Little MT, Storb R. History of haematopoietic stem-cell transplantation. Nat Rev Cancer. 2002;2(3):231-8. http://dx.doi.org/10.1038/nrc748

Bicalho MG. HLA e minorias étnicas : quando menos significa muito. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010;32(2):101. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842010000200006

Ruiz TM, Costa SM, Ribas F, Luz PR, Lima SS, Bicalho MG. Human leukocyte antigen allelic groups and haplotypes in a brazilian sample of volunteer donors for bone marrow transplant in Curitiba, Paraná, Brazil. Transplant Proc. 2005;37(5):2293-6. http://dx.doi.org/10.1016/j.transproceed.2005.03.036

Watanabe AM, Omotto CA, Colli LD, Hayashi VMH. Percepção da comunidade nipo-brasileira residente em Curitiba sobre o cadastro de medula óssea. Rev Bras Hematol Hemoter. 2008;32(2):136-140. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842010005000042

Andrade AM, Castro EAB, Soares TC, Santos KB. Vivências de adultos submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas autólogo. Ciência Cuid Saúde. 2012;11(2):267-74. http://dx.doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v11i2.15180

Brasil. Ministério da Saúde. Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Órteses, Próteses e Materiais especiais do SUS. Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/inicio.jsp. Acesso em: 25 jan. 2017.

Campos LG, Paz AA, Silla LMR, Daudt LE. Sobrevida de pacientes submetidos a transplante alogênico de medula óssea. Rev HCPA. 2009;29(2):127-32.

Santos KBS. Infecções no transplante de células-tronco hematopoéticas no hospital universitário da UFJF: a incidência dos principais microorganismos e os fatores de risco associado. Tese (Mestrado) - Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora: 2010.

Medeiros LA, Pasquini R. Anemia aplástica adquirida e anemia de Fanconi – Diretrizes Brasileiras em transplante de células-tronco hematopoéticas. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010;32(Supl. 1):40-5.http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842010005000064

Passweg JR, Baldomero H, Bader P, Bonini C, Cesaro S, Dreger P, et al. Hematopoietic stem cell transplantation in Europe 2014 : more than 40 000 transplants annually. Bone Marrow Transplant. 2016;51(6):786-92. http://dx.doi.org/10.1038/bmt.2016.20