A formação acadêmica em terapia ocupacional e as concepções sobre o processo saúde‑doença
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Introdução: Diante de uma cultura biológica e organicista, as concepções sobre saúde e doença dialogadas no ensino superior, ainda, são influenciadas pela lógica sintomática e medicalizante. Objetivo: Diante desse contexto, os objetivos deste estudo foram o de analisar tais concepções em uma experiência de ensino‑aprendizagem do curso de terapia ocupacional da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André. Métodos: Como princípio metodológico central, optou‑se pela experiência do aluno, enfocando‑o como sujeito ativo de reflexões/narrativas diante da prática supervisionada. As narrativas foram coletadas por meio de diários de campo individuais e categorizadas em unidades temáticas. Resultados: Percebeu‑se, majoritariamente, que o processo saúde‑doença foi compreendido como polar, um se contrapondo ao outro. Enquanto a saúde foi a expressão de bem‑estar completo/equilíbrio, a doença foi o oposto. Poucos estudantes consideraram a categoria das necessidades sociais em saúde na determinação do processo saúde‑doença na infância. Conclusão: Conclui‑se que essa experiência proporcionou aos alunos a compreensão de que, para o enfrentamento das necessidades em saúde infantil no Capuava, é necessário analisar saúde e doença, primeiramente, como processos vividos, sentidos e contextualizados com a própria história, cultura, subjetividade e inter‑relacionados com os determinantes/necessidades sociais apresentados pelas crianças, sua familia e o entorno.
Downloads
Detalhes do artigo
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob uma licença Creative Commons CC BY que permite o compartilhamento e adaptação do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Referências
Damas LA. Conviver e aprender a estar no mundo: educação para a solidariedade. Mundo Saúde. 2002;26(3):393‑406.
Galasso R. Informática na educação: perspectivas de inclusão. Mundo Saúde. 2002;26(3):389‑92.
Giacon BDM. A educação necessária à inclusão. Mundo Saúde. 2002;26(3):413‑16. 4. Ferreira MCC. Formação de Professores. In: Mendes EG, Almeida MA, Willians LCA. Temas em Educação Especial: avanços recentes. São Carlos: Edufscar; 2004.
Freitas SN. Formação de Professores: interfaces entre a educação e a educação especial. In: Mendes EG, Almeida MA, Willians LCA. Temas em educação especial: avanços recentes. São Carlos: Edufscar; 2004.
Morin E. Introdução ao pensamento complexo. Tradução Eliane Lisboa. 4 ed. Porto Alegre: Sulina; 2011.
Focault M. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins; 1992.
Silva TT. Descolonizar o currículo: estratégias para uma pedagogia crítica. In: Costa MV. Escola básica na virada do século: Cultura, política e currículo. São Paulo: Cortez; 1996. p. 61‑72.
Moysés MAA. A institucionalização invisível: crianças que não aprendem na escola. Campinas: Mercado de Letras; 2008. p.256.
Barros DD, Lopes RE, Galheigo SM. Projeto metuia: terapia ocupacional no campo social. Mundo Saúde. 2002;26(3):365‑9.
Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2008.
Barros DD, Lopes RE, Galheigo SM. Novos espaços, novos sujeitos: a terapia ocupacional no trabalho territorial e comunitário. In: Cavalcanti A, Galvão C. Terapia ocupacional: fundamentação e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007.
Merhy E. O capitalismo e a saúde pública. São Paulo: Papirus; 1985.
Bondia JL. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Rev Bras Educ. 2002;(19):20‑8. http://dx.doi.org/10.1590/S1413‑24782002000100003
Heidegger M. Ser e tempo. Petropólis: Vozes; 2006.
Marcolino TQ, Mizuquami MGN. Narrativas, processos reflexivos e prática profissional: apontamentos para a pesquisa e formação. Interface. 2008;12(26):541‑7. http://dx.doi.org/10.1590/S1414‑32832008000300007
Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977.
Focault M. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes; 1989.
Morin E. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. In: Almeida MC, Carvalho EA. São Paulo: Cortez; 2000.
Galheigo SM. Da adaptação psico‑social à construção do coletivo: a cidadania enquanto eixo. Versão ampliada e revisada da palestra apresentada ao III Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional. Curitiba: (10 a 15 de outubro); 1993.
Lopes RE. Cidadania, políticas públicas e terapia ocupacional. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Campinas: 1999.
Reis AM, Soares CB, Campos CMS. Processo saúde‑doença: concepções do movimento estudantil da área da saúde. Saúde Soc. 2010;19(2):347‑57. http://dx.doi.org/10.1590/S0104‑12902010000200011
Oliveira DC, Sá CP, Gomes AMT, Ramos RS, Pereira NA, Santos WCR. A política pública de saúde brasileira: representação e memória social de profissionais. Cad Saúde Pública. 2008;24(1):197‑206. http://dx.doi.org/10.1590/S0102‑311X2008000100020
Segre M, Ferraz FC. O conceito de saúde. Rev Saúde Pública. 1997;31(5):538‑42. http://dx.doi.org/10.1590/S0034‑89101997000600016
Nunes ED. Saúde Coletiva: uma história recente de um passado remoto. In: Campos GWS, Minayo MCS, Akerman M, Drumond M, Carvalho YM. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec; 2006. p.19‑39.
Déjour SCA. loucura do trabalho. São Paulo: Cortez; 1980.
Soares LBT. Terapia ocupacional: lógica do capital ou do trabalho? São Paulo: Hucitec; 1991.
Rocha EF. A terapia ocupacional e as ações na educação: aprofundando interfaces. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2007;18(3):122‑7. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238‑6149.v18i3p122‑127
Castel R. As metamorfoses da questão social. Petrópolis: Vozes; 1998.
Castel R. Da indigência à exclusão, a desfiliação. Precariedade do trabalho e vulnerabilidade relacional. In: Lancetti A. Saúde e loucura. São Paulo: Hucitec; 1994. p. 21‑48.
Castel R. As transformações da questão social. In: Belfiore WM, Bógus L, Yasbek MC. Desigualdade e a questão social. São Paulo: EDUC; 1997. p. 161‑90.