A identidade profissional do médico generalista: lições a serem aplicadas pela instituição formadora
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Introdução: A construção da identidade profissional não é somente um processo de relação entre indivíduos. Objetivo: Conhecer a construção da identidade profissional de jovens médicos generalistas mediante análise da articulação das transações biográfica e relacional envolvendo socialização primária (meio familiar) e secundária (instituição formadora e de prática inicial). Métodos: Realizou‑se análise documental e entrevista aprofundada com dez médicos generalistas formados por uma mesma universidade e oito professores informantes‑chave para validar o campo. Usou‑se a modelização por análise por categorias conceituais. Foram consideradas carreiras generalistas como clínica geral, medicina da família, saúde pública e/ou coletiva. Resultados: Traçou‑se um modelo no qual o médico generalista privilegia o foco no usuário/cliente, reforça valores familiares ligados a altruísmo, autonomia pessoal, honestidade e foco nos estudos. Na socialização secundária vive conflito identitário dentro da instituição formadora, individualista e meritocrática com foco na especialização. Apresenta relações inesperadas com engajamento político e social, aproximação com cultura profana e participação em grupos diversificados. No começo da prática profissional, enfrenta o combate entre os valores oferecidos pelo meio, como subordinação ao mercado, falta de tempo, foco na especialização, desprestígio da escolha da carreira e os valores preferidos pelo generalista, como foco no outro, interação com outros profissionais, visão integralista, priorização do saber‑ser e do saber‑fazer. Conclusão: Confirma‑se que a instituição formadora exerce papel fundamental na orientação da escolha de carreira e pode fortalecer a opção por carreiras generalistas mediante a introdução de práticas reflexivas e a relação com outros saberes como arte, cultura, política e filosofia.
Downloads
Detalhes do artigo
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob uma licença Creative Commons CC BY que permite o compartilhamento e adaptação do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Referências
Rivard P. La codification sociale des qualités de force de travail In: Salais R, Thévenot L. Le travail, marchés, règles, conventions. Paris: Economica; 1986. p.119-34.
Dubar C. La socialisation: construction des identités sociales et professionnelles. 2 ed. Paris: Armand Collin; 1996.
Centro de Divulgação do Islam (CEDI) [Internet]. Medicina. Disponível em: http://www.islam.org.br/a_medicina.htm. Acesso em: 15 jun. 2003.
Franco de Sá R. Modélisation de la construction identitaire professionnelle des jeunes médecins généralistes diplômés de l’Université fédérale du Pernambouco, au Brésil. Tese (Doutorado) – Université de Sherbrooke, Sherbrooke, 2004. p. 296.
Dubar C. Formes identitaires et socialisation professionnelle. Rev Fr Sociol. 1992;33(4):502-9.
Gravé P. Formateurs et identités. Paris: Presses universitaires de France; 2002.
Campos GWS. A saúde, o SUS e o programa “Mais Médicos”. Rev Médico Residente. 2013;15(2):1-4.
Franco de Sá R. Modélisation de la construction identitaire professionnelle des jeunes médecins généralistes diplômés de l’Université fédérale du Pernambouco, au Brésil. Tese (Doutorado) – Université de Sherbrooke, Sherbrooke, 2004. p. 296.
De Coster M. Traité de sociologie. 4 édition. Bruxelles: Boeck‑Wesmael; 1996.
Pereira Neto AF. Ser médico no Brasil: o presente e o passado. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2001.
Larouche JM, Legault GA. L’identité professionnelle: construction identitaire et crise d’identité In: Legault GA. Director. Crise d’identité professionnelle et professionalisme. Québec: Presses de l’Université du Québec; 2003.
Dubar C, Tripier P. Sociologie des professions. Paris: Armand Collin; 1998.
Baszanger I. Socialisation professionnelle et contrôle social. Le cas des étudiants en medicine futurs generalists. Rev Fr Sociol. 1981;22(2):223-45.
Berger P, Luckmann T. La construction sociale de la réalité. Paris: Méridiens Klincksieck; 1996.
Chappell NL, Colwill NL. Medical School as agent of professional socialization. Can Rev Sociol. 1981;18(1):67-81. http://dx.doi.org/10.1111/j.1755‑618X.1981.tb01224.x
Maheux B, Béland, F. Changes in students’ sociopolitical attitudes during medical school: socialization or maturation effect? Soc Sci Med. 1987;24(7):619-24.
Rego S. A Formação Ética dos Médicos: saindo da adolescência com a vida (dos outros) nas mãos. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2003.
Carapinheiro G. Saberes e Poderes no Hospital: uma sociologia dos serviços hospitalares. 2ªed. Lisboa: Edições Afrontamento; 1993.
Kaufert J, Martinez C, Quesada G. A Preliminary Study of Mexican‑American Medical Students. J Med Educ. 1975;50(9):856-66.
Patenaude J, Xhignesse M. Processus identitaire et syndrome du conflit de rôles: Le cas de la profession médicale In: Leagult, G. Diretor. Crise d’identité professionnelle et professionalism. Québec: Presses de l’Université du Québec; 2003. p.55-83.
Schraiber L. O médico e seu trabalho. Limites da liberdade. São Paulo: Hucitec; 1993.
Paillé P, Mucchielli A. L’analyse qualitative en sciences humaines et sociales. Paris: Armand Collin; 2003.